Gustavo Petro, presidente da Colômbia, pediu na última terça-feira (14 de fevereiro) ao Congresso “um ato de generosidade” para aprovar suas reformas, após a primeira grande manifestação de apoio a seu governo desde que ele chegou ao poder, em agosto passado.
Milhares de trabalhadores, educadores e funcionários da área de saúde, entre outros, atenderam desde o começo do dia à convocação do primeiro presidente de esquerda da história da Colômbia, que apresentou um conjunto de reformas ambiciosas ao Congresso, majoritariamente de tendência governista.
“O presidente convida seu povo a se levantar, a não se ajoelhar, a se tornar uma multidão consciente de que tem em suas mãos o futuro, o presente”, expressou Petro de uma sacada da sede presidencial.
Em longo discurso dirigido “ao Congresso, à política tradicional, à oligarquia e aos mais ricos”, Petro lhes pediu que, “em um ato de generosidade, permitam as reformas. A mudança não consiste apenas em vencer eleições, e sim em se mobilizar de forma permanente”.
Portando bandeiras da Colômbia, instrumentos musicais e cartazes, os manifestantes se reuniram em Bogotá, Medellín, Cali e outras cidades, na véspera de protestos convocados pela oposição em rechaço às políticas que Petro aspira a implementar em seus quatro anos de mandato (2022-2026).
Até agora, seu governo divulgou apenas o texto de sua reforma da saúde, que visa reduzir a participação privada no sistema para fortalecer as capacidades do Estado e ampliar a cobertura aos mais pobres por meio do sistema público.
Opositores e certos membros dos partidos aliados de Petro são críticos da reforma. Além de seus custos milionários, destacam a possibilidade de que a mesma fomente a corrupção e torne o sindicato médico ainda mais precário.
Petro conta com uma grande capacidade de convocação desde antes de assumir o poder, em agosto. Em 2021, liderou os protestos em massa contra seu antecessor Iván Duque.
Na semana passada, professores de um sindicato tentaram invadir o Capitólio e, desde então, acampam em frente ao prédio público.
“A mensagem para os congressistas é que aprovem essa reforma da saúde, de forma expressa e sem espaço para debates, se for possível”, pediu a advogada Isabel Córdoba, 38, que se manifestou em apoio ao presidente.
A iniciativa encontra a resistência de políticos de direita e das empresas que prestam os serviços de saúde. “Revivem um sistema de saúde pública que foi um desastre, e o pior: entregam recursos da saúde pública a prefeitos e governadores”, criticou o ex-ministro da Saúde Fernando Ruiz em entrevista à Caracol Radio.
O Executivo também pretende apresentar um projeto de lei para a submissão judicial das “máfias” que disputam a renda do tráfico de drogas no país que mais produz cocaína no mundo.
A proposta prevê penas reduzidas para traficantes que desmancharem suas organizações e outros benefícios, como ficar com 10% de suas fortunas, antecipou o ministro da Justiça, Néstor Osuna.
Petro também anunciou uma reforma da previdência que busca levar mais recursos para os cofres públicos e fixar uma renda mínima para os idosos, bem como uma mudança no sistema penitenciário.
O Congresso aprovou no fim do ano passado a reforma tributária proposta pelo governo. Mas, naquela ocasião, o presidente do Senado, Roy Barreras, expressou reservas quanto à reforma da saúde e à desmobilização dos narcotraficantes.