Lauro de Freitas/Bahia – No Carnaval 2023, a maior manifestação popular do planeta terra, o Bloco Afro Bankoma reuniu a flor da comunidade negra para a festa. Se em algum ponto da nossa antiga história não éramos brasileiros, agora somos. Estamos aqui. Ponto firmado, queremos nossa terra viva e nosso direito à livre manifestação cultural. Reverencia aos Caboclos do Brasil, foi tema preparado pelo Bankoma, único bloco da região metropolitana de Salvador que desfila no carnaval da Capital baiana.
“É tempo de celebrar a sagrada resistência firmada nesse chão entre os povos originários, os primeiros habitantes, os donos da terra e o povo Bantu. Nossa aliança deu passagem a todos que chegaram depois e fortaleceram esse laço. Toré é ritual de povo livre, assim como Candomblé é religião de povo livre. Povos e culturas diferentes que seguem irmanadas. Temos muitos nomes, mas somos prioritariamente liberdade. A mesma liberdade nos fez parentes. Por isso, pós pandemia, voltaremos às ruas como povo sem medo. Pode chover ou relampejar, ainda assim seguiremos preservando o ancestral, a terra e a cultura. Nós que soubemos o tempo de nos recolher para não tombar, sabemos também que é hora de voltar”, disse a candomblecista baiana, Mam`etu Lucia Kamurici, uma das mais importantes lideranças de religião de candomblé na Bahia, sacerdotisa do Terreiro São Jorge Filho da Goméia, de feição bantu.
“Os caboclos sempre estiveram presentes no chão do Terreiro São Jorge Filho da Goméia, fundado pela saudosa Mam’etu Mirinha de Portão e abençoado pelo nosso avô Tat’etu João da Goméia, somos os guardiões de Pedra Preta e zeladores de Boiadeiro que deles herdamos. Temos pai, temos mãe. Somos aqueles que conhecem a força da sagrada Jurema e de todas as folhas benditas. Esse chão sagrado é também a origem do Afro Bankoma. No nosso chão nascem toques, ritmos e canções que ultrapassam a fronteira do sagrado e se conectam à música popular brasileira. Somos as sementes que guardam a memória ancestral. Brotamos em comunidade e crescemos orgânicos. Afro Bankoma é também fruto da raiz da Goméia. Em nossa terra também pisam os parentes, é nesse chão que nos reunimos para criar, costurar, tecer e bordar o futuro da cultura popular”.
Saudar os Caboclos, espíritos da herança dos cultos afro indígenas, é parte do nosso natural. Nosso povo reunido em festa apresenta no Carnaval 2023 que penas, flechas e lanças são também nossa arte, defesa e proteção. Levamos para a festa nossas cabaças, abrir nossa aldeia viva na cidade de Lauro de Freitas, dentro do bairro de Portão, e deixar passar a beleza e tradição ancestral inspirada nos encantados das matas, florestas, dos campos mais formosos, das colinas, minas, pedreiras e lajedos, dos sertões, campinas e agrestes é uma forma de romper correntes e unir povos na fé da cura pelo amor à terra, por isso o tema foi devidamente pensado pelo Afro Bankoma na perspectiva de levar revitalização espiritual e ancestral para o circuito Campo Grande Praça da Sé.
Salve os donos da terra, salve o Terreiro de São Jorge, Salve Mameto Kamurissi, salve o Bankoma, salve Martim Pescador, salve Portão!
Salve Martim Pecador,
Salve nossos ancestrais
Salve Terreiro São Jorge Filho da Gomeia.
E em especial a minha mameto kamurici.
Salve todos os cabocolos.
Parabéns é lindo e maravilhoso Mãe Lúcia 👏👏🤩
Em nome da nossa ancestralidade, o BLOCO AFRO BANKOMA agradece ao GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA/SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DA BAHIA/SUFOTUR, pelo patrocínio do projeto “Salve os Caboclos! Xetuá! Xetuá! Xetuá! Xeto Maromba Xeto!, e aos demais apoiadores e parceiros: